{Juiz Alexandre Barros (TRT/SP) envia um dos depoimentos mais emocionantes da história do GEMT!}

{Alexandre escreveu:}

Prezado amigo Davi,

Pedindo mil desculpas pela demora, finalmente encontro a tranqüilidade necessária para prestar meu depoimento, falar sobre a tão suada aprovação, sobre os caminhos traçados para chegar até aqui e, claro, sobre a importância do GEMT nessa caminhada. Mas, antes, peço licença para falar um pouquinho de minha história de vida e sobre os motivos que me levaram a dar uma guinada na carreira de advogado e tentar a magistratura do trabalho.

Ao contrário da maioria dos concurseiros, somente após vários anos de advocacia passei a me interessar pela magistratura. Formei-me em 1993 e nem imaginava ser um advogado trabalhista. Na verdade, comigo ocorreu aquilo que ocorre com milhares de estudantes de Direito: namorei o Direito Penal, noivei-me com o Direito Penal e casei-me com o Direito do Trabalho. Logo que me formei, fui convidado para trabalhar em um sindicato (Sindicato das Escolas Particulares de MG). Eu nem estava fazendo muita questão, já que pretendia me dedicar aos estudos para ser promotor de justiça. Ocorre que, desempregado, aceitei a proposta de emprego e, claro, em se tratando de um sindicato, o Direito do Trabalho passou a fazer parte de minha rotina, embora em não morresse de amores pela matéria. No entanto, na faculdade tive aulas com ninguém menos do que a professora Alice Monteiro de Barros, famosa por ser extremamente severa, na aplicação de provas e trabalhos. Assim, mais por medo do que por afinidade, acabei me formando com uma boa noção da matéria.

Pois bem, já no sindicato, comecei a me destacar, dada a boa formação acadêmica, complementada por dois anos de estágio na Divisão de Assistência Judiciária da UFMG, cuja prática foi de muita importância para o início da carreira. Assim, em pouco tempo já fazia audiências na Justiça do Trabalho, embora ainda acalentasse o sonho do Ministério Público. Em 1997, sem deixar o sindicato, abri meu escritório, sozinho, com a cara e a coragem, porque sentia que precisava investir mais na profissão e ter luz própria.

Mas a vida é imprevisível, não? Após alguns anos de “clínica geral”, advogando em praticamente TODAS as áreas (até júri eu cheguei a fazer, acreditem!), aos poucos fui me envolvendo cada vez mais com o Direito do Trabalho, não só pela prática sindical, mas também e principalmente pela celeridade e simplicidade com que as ações eram conduzidas e, claro, que os honorários chegavam. Num determinado momento, creio que lá pelos idos de 2003, radicalizei e decidi que, a partir dali, somente atuaria na área trabalhista (que, por questões de minha trajetória até então, era eminentemente pró-empregador).

Em 2003, consegui ser aprovado no mestrado da PUC-MG, em Direito do Trabalho, e esse foi o primeiro “ponto de mutação” de minha carreira. Finalmente passei a ter contato com “o outro lado” do Direito do Trabalho, o seu lado social, preocupado em tentar igualar partes que até então eu tinha dificuldades de entender como desiguais. Tive aulas com mestres como Mauricio Godinho Delgado, Marcio Túlio Viana, Luiz Otávio Renault e o agora indicado para ser ministro do TST, José Roberto Freire Pimenta. Ali eu finalmente me apaixonei pelo Direito do Trabalho. Nessa época, passei também a lecionar, inicialmente, em cursinhos, mas logo depois também na graduação e pós-graduação. Surgiu então outra paixão: o Direito Processual do Trabalho, matéria que eu mais gostava de lecionar.

E foi justamente essa nova paixão que me levou a pensar na magistratura, até porque, durante o curso, nada menos do que cinco colegas foram aprovados nos concursos para juiz e MPT. E eram pessoas “normais”, que talvez até tivessem menos conhecimento (ou, no mínimo, experiência) que eu, já que haviam se formado há bem menos tempo. Então vi que era possível, que eu também poderia ser aprovado num concurso para juiz.

Foi quando então resolvi estudar e aí cometi meu primeiro erro: estabeleci um prazo para ser aprovado (no máximo dois anos). Já adianto aos colegas, NÃO FAÇAM ISSO, não estabeleçam prazos, sob pena de, não sendo aprovados, se frustrarem, como eu me frustrei, correndo o risco de desistirem. Sem contar a auto-estima, que fica extremamente comprometida.

Bem, com apenas um mês de estudos (comecei efetivamente a estudar após a defesa de minha dissertação no mestrado, ou seja, em janeiro de 2006), fui aprovado na primeira etapa do concurso de MG. Quase pirei, pois nem fazia idéia de como seria uma segunda etapa de concurso. Obviamente não passei disso e hoje eu sei que aquela prova de segunda etapa foi das mais fáceis que eu já vi, mas eu não tinha nenhuma bagagem para ser aprovado. Ainda bem!

Naquele mesmo ano, fui reprovado no concurso do Rio e Campinas, mas, também para minha surpresa, fui aprovado na primeira de Santa Catarina. Obviamente, também não passei disso. E assim foi, no ano de 2007 e metade de 2008: vários concursos, algumas aprovações na primeira etapa, mas nada além disso. Não posso nem dizer que eu estava “agarrado” na segunda etapa, pois às vezes nem lá eu chegava.

Finalmente, em 2008, conheci o GEMT. Foi o segundo “ponto de mutação” em minha carreira. Nem me lembro bem como conheci o Grupo, acho que através da internet, mas logo me interessei e enviei um e-mail, pedindo informações sobre como funcionava etc. Após rápidas mensagens com o coordenador, fui aceito e, para minha surpresa, já na primeira rodada tive minhas respostas selecionadas e publicadas. Até achei que todas eram publicadas, mas depois fiquei sabendo que havia uma “filtragem”, o que me deixou mais orgulhoso ainda. Através de uma participação cada vez mais intensa, fui conseguindo captar os segredos da segunda etapa, como deveriam ser redigidas as respostas, como pensavam os colegas de diversos cantos do país, o que era enriquecido pelos não menos importantes debates sobre as respostas de cada rodada, sobre as dúvidas dos colegas e esclarecimentos de outros tantos. Sem contar a atualidade dos temas abordados nas rodadas. Enfim, o GEMT, de fato, começou a fazer a diferença em meu método de estudo e na própria maneira de encarar as provas, as bancas etc.

Veio então a primeira sentença, no Maranhão. Outro susto, pois de repente me toquei que eu não tinha a mínima noção de como se fazia uma sentença, menos ainda a mão e em quatro horas. Novamente o GEMT fez a diferença. Matriculei-me logo no PCIS e, aos poucos, fui tomando contato não só com as primorosas correções dos juízes colaboradores, mas também com as respostas dos colegas, verdadeiras obras-primas, tanto que vários hoje já são juízes, inclusive juízes colaboradores do Grupo.

Em 2008 minha filha nasceu e, se por um lado foi a maior felicidade que já senti, por outro, não há como negar, os estudos ficaram muito comprometidos. Quem tem ou já teve um filho recém-nascido sabe do que estou falando. Mas a motivação e a determinação ficaram maiores ainda.

Bem, para resumir, que esse texto já está ficando muito longo, após 19 concursos e quatro anos e meio estudando (com várias aprovações e reprovações em diversas etapas, incluindo cinco sentenças), aos 42 anos de idade (ou seja, velho, para muita gente que acha que concurso é só para pessoas na casa dos vinte anos) finalmente veio a aprovação, no concurso do TRT de São Paulo (2ª Região)! O curioso é que, nesses anos todos, nunca tinha tido coragem de prestar concurso em SP, por não me julgar competente o suficiente para superar uma primeira etapa com tantos candidatos. Mas, enfim, chegou a minha hora e, de uma maneira surpreendente, mas também muito natural, as aprovações em cada etapa foram ocorrendo e, de repente, me vi aprovado para a primeira prova oral dessa trajetória. Novamente, o GEMT foi importante e tenho orgulho de ter participado do primeiro simulado virtual de prova oral do GEMT, com as excelentes professoras Vólia Bomfim e Cláudia Pisco. Suas dicas foram fundamentais para que eu me saísse tão bem, no dia da prova.

Quando finalmente, no dia 28 de maio de 2010, saiu o resultado final do concurso, quase não acreditei: finalmente eu seria JUIZ DO TRABALHO. Não há palavras para descrever aquele momento, até porque acho que fiquei meio anestesiado, a ficha custou a cair. Fiz questão de estar aqui no TRT-SP, para ouvir, ao vivo, o resultado final e, lá no salão nobre do Tribunal, de repente, sozinho, longe dos amigos e da família, um filme se passava em minha cabeça. Após tanto esforço, finalmente eu havia chegado lá.

Mas eu sabia que não havia conseguido sozinho, havia muitas pessoas por trás dessa vitória e, após telefonar e dar a notícia para minha esposa e minha mãe, a primeira pessoa que fiz questão de telefonar foi para você, amigo Davi, que sempre acreditou e sempre torceu por mim. Não tenho palavras para lhe agradecer e para lhe cumprimentar, por tudo o que fez e tem feito não só por mim, mas por todos que já trilharam e ainda estão trilhando tão árdua senda. Alguém já disse aqui e eu apenas repito: o GEMT é um realizador de sonhos! Não sei como teria feito para aprender a encarar as provas de segunda fase e de sentença sem esse Grupo maravilhoso. Por mais que a leitura a livros de doutrina e mesmo revistas especializadas, ou mesmo a freqüência a cursinhos tivessem sido importantes, somente aqui pude entender como se elabora respostas para a segunda etapa e como se redige uma sentença trabalhista. Por isso, amigo Davi, serei eternamente grato a você e tudo o que eu puder fazer para ajudar o Grupo e outros confrades que estão ainda nessa árdua jornada, pode ter certeza que o farei.

E para os que ainda estão na peleja, permitam-me falar um pouquinho de meus principais erros e acertos, até para que não cometam os mesmos erros.

Principais erros:
1 – Ter estabelecido um prazo para aprovação. Quando ela não veio, a auto-estima ficou em baixa, a frustração se fez presente e a vontade de desistir começou a rondar minha cabeça. Não façam isso, façam apenas a sua parte, estudando SEMPRE e nunca desistindo. Um dia a hora de cada um de vocês chegará. SÓ NÃO CONSEGUE QUEM DESISTE.
2 – Não ter estabelecido um cronograma de estudos. Sempre estudei pelo “tema do momento”, não tive uma metodologia, um cronograma, mesmo um quadro de horário de estudos, contendo as matérias a serem estudadas em cada dia, em cada horário, durante a semana etc. Isso atrasa muito a aprovação, creiam. Organizem-se, antes de começar a estudar, tendo como referência o edital. Assim terão sempre a certeza que estão no caminho, sem ficar com aquela sensação de que ainda falta muito para ler etc. E não se esqueçam de deixar um dia ou mais para a leitura das rodadas do GEMT e para a pesquisa e elaboração das respostas.
3 – Ter-me comparado com outros colegas. Eu achava que, por ser professor, tinha condições de ser aprovado logo e nunca entendia porque outros colegas, menos experientes, já eram juízes e eu, “que sabia muito mais”, não conseguia nem passar da segunda etapa. Ocorre que cada um tem seu tempo, seu ritmo, seu momento. E o momento de cada um de vocês chegará, desde que não desistam antes. Não olhem para os lados, apenas cumpram seu cronograma de estudos, dediquem-se sempre, que o resultado uma hora aparecerá.
4 – Ter contado para todo mundo que eu estava estudando para concurso. Grande erro, pois, com as inúmeras reprovações, vieram as cobranças, ainda que indiretas. Aliás, a maior cobrança acabava sendo a minha. Não estou falando que se tem que mentir, negar a todo custo que se é concurseiro, mas apenas que não precisa fazer propaganda. Tratem sua própria “carreira” de concurseiro como uma coisa normal, sem anunciar aos quatro cantos. O peso ficar menor e, com isso, a gente nem sente quando é reprovado, até porque, nunca se esqueçam, o normal é não passar. Então, vocês estarão dentro da normalidade. E a aprovação virá naturalmente.
5 – Ter ficado um tempo muito grande sem trabalhar, só estudando. Fiz isso em 2008 e foi um dos maiores erros, pois, como não fui aprovado, a pressão (financeira, principalmente, mas também a psicológica) foi se tornando insuportável. Em 2009 voltei a lecionar e a advogar, ainda que num ritmo menor. Então, ainda que vocês diminuam o ritmo de trabalho, não parem totalmente, não fiquem totalmente sem renda (mesmo os que são bancados por pais etc.). Isso pira qualquer um. E, se possível, advoguem, pois acredito que um juiz que advogou tem muito mais sensibilidade para enfrentar os eternos conflitos entre ambas as profissões do que aquele que apenas foi estudante/concurseiro. Não se contentem em simplesmente assinar petições, para contar os 3 anos de atividade jurídica, advoguem realmente, façam audiências, redijam peças processuais, façam serviço de fórum. Vocês verão, inclusive, que a prática ajuda muito nos estudos. Mas não fiquem só por conta dos estudos. Como exemplo, dos 34 aprovados no concurso de SP, a maioria não só trabalhava, como também há vários casados e com filhos.

Principais acertos:
1 – Ter entrado para o GEMT.
2 – Não ter desistido, embora quase o tenha feito algumas vezes.
3 – Não perder uma palestra, um congresso, um simpósio, uma aula, nada que pudesse, de alguma maneira, ampliar meu conhecimento.
4 – Gravar todos esses eventos e ouvi-los inúmeras vezes, durante minhas corridas, no trânsito, em filas de bancos etc.
5 – Ter sempre praticado esportes. Creio que a boa saúde, o vigor físico, são fundamentais, para enfrentar as dificuldades físicas e mentais, na vida do estudante de concurso.
6 – NÃO TER DESISTIDO. Repito, só não chega lá quem desiste antes.

Enfim, meus amigos, era isso. Sei que me alonguei demais e havia muita coisa para falar, sobre esses quatro anos e meio de estudos e sobre cada um dos 19 concursos que prestei (sendo 3 para o MPT), mas sei que a paciência de vocês tem limite. Fico por aqui, agradecendo ao Davi e a todos que sempre torceram por mim e acreditaram que eu também chegaria lá. Espero não decepcioná-los como juiz e espero também poder retribuir todo o carinho que sempre tiveram comigo e, principalmente, tudo o que o GEMT fez por mim.

Um grande abraço a todos, agora não mais das Minas Gerais, mas da capital paulista, essa cidade que nunca pára e que estou aprendendo a entender e gostar.

Alexandre Barros, juiz do trabalho do TRT da 2ª Região.

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